Documentário é o nome que se dá a uma produção artística, via de regra um filme,
não-ficcional e que se caracteriza principalmente pelo compromisso da exploração da realidade.
Isto não significa que represente a realidade tal como ela é:
o documentário, assim como o cinema de ficção, é uma representação parcial e subjetiva da realidade.
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História
Assim como a fotografia, o cinema veio como uma revelação. "As pessoas nunca tinham visto imagens tão fiéis a seus temas e nem testemunhado movimento aparente que transmitisse sensação tão convincente de movimento real."
“A capacidade do filme de fornecer documentação rigorosa do que aparece diante da câmera leva a pelo menos duas outras direções: ciência e espetáculo. Ambas começam no cinema primitivo (aproximadamente de 1895 a 1906, quando o cinema narrativo começa a predominar).”
Os Irmãos Lumière faziam pequenos documentários porque filmavam o que era mais palpável no momento, ou seja, a realidade.
“Prevalecia um tom de exibicionismo, que diferia radicalmente tanto da ideia de olhar para dentro de um mundo privado e fictício como do material documental usado como prova cientifica. Esse exibicionismo também difere do documentário.” (NICHOLS, 2012, p. 121)
“Nem a ênfase na exibição (“cinema de atrações”) nem a ênfase na reunião de provas (documentação científica) proporcionam uma base adequada para o documentário.” (NICHOLS, 2012, p. 122)
Se houvesse uma trajetória linear das características do cinema primitivo até o documentário, seria de esperar que o documentário se tivesse desenvolvido paralelamente ao filme de ficção nos primeiros anos do século XX e não que alcançasse amplo reconhecimento apenas no fim da década de 1920 e no começo da de 1930. (NICHOLS, 2012, p. 123)
Atualmente, há uma série de estudos cujos esforços se dirigem no sentido de mostrar que há uma indefinição de fronteiras entre documentário e cinema de ficção, definindo um gênero híbrido.
Conceito
“Representa uma determinada visão do mundo, uma visão com a qual talvez nunca tenhamos deparado antes, mesmo que os aspectos do mundo nela representados sejam familiares. "O discurso do filme documentário tem por característica sustentar-se por acontecimentos reais. Trata efetivamente daquilo que ocorreu, antes ou durante as filmagens, e não daquilo que poderia ter acontecido.''
"Os documentários costumam abordar questões sobre as quais existam interesses sociais ou debates. A ação tende a se realizar mais no espaço cinematográfico que no espaço cenográfico. Aquilo que na ficção é cenário passa a ser, no documentário, um espaço real, um espaço do mundo, sobre o qual a câmera não exerce domínio total."
“Os documentários de questões sociais consideram as questões coletivas de uma perspectiva social. As pessoas recrutadas para o filme ilustram o assunto ou dão opinião sobre ele.” (NICHOLS, 2012, p. 205). “O argumento do documentário é quase sempre aberto, porque filmar personagens reais, fatos e locações realistas envolve o acaso, um elemento sempre presente nesse tipo de produção.”
“O documentário é também resultado de um processo criativo do cineasta, marcado por várias etapas de seleção, comandadas pelas escolhas do realizador que podem ser expostas integralmente - ou não - no produto final, após a montagem. “Para cada documentário, há pelo menos três histórias que se entrelaçam: a do cineasta, a do filme e a do público”. (NICHOLS, 2012, p. 93).
“Públicos diferentes veem coisas diferentes; apresentar ou promover um filme de uma determinada maneira pode preparar os espectadores a vê-lo de uma forma e não de outra. As ações filmadas tendem a escapar dos limites do enquadramento da câmera. Fazendo com que o registro se torne muitas vezes incompleto, fragmentado. As suposições e expectativas que trazemos para o documentário também podem ter um efeito significativo na maneira pela qual o recebemos.
O documentário nos leva a uma experiência única, com os sons e imagens organizados de tal forma que representa mais do que simples impressões passageiras. Passa a representar conceitos abstratos, e de acordo com a bagagem cultural do espectador se terá um determinado ponto de vista que pode ser ou não o que se quis expor. (NICHOLS, 2012, p. 98) “No documentário, a tendência a explorar uma montagem expressiva, em contraposição à montagem narrativa, é consequência direta da própria natureza das imagens disponíveis ao montador.”